segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eu te decorei

Ele chegou sem avisar. Ela olhou e não disse nada. Apenas sentiu.
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Sem pedir permissão e antes que ela pudesse perceber, lá estava ele entrando na sua vida e se alojando no lugar mais bonito.
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Tinha olhos de mel. Na cor e na doçura. E não eram apenas doces. Também era mágicos. E através deles se via a luz. E através dela se via a alma.
Mas de doce não eram só os olhos. Eram também os lábios, as mãos, as palavras que saim de sua boca.
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Conversaram, brigaram, sorriram e choraram (de tanto rir), já foram Peter e Anne, terapeuta e paciente, marido e mulher. Já foram até duas almas perdidas procurando algo em comum. Procurando um lugar onde viver não seja uma obrigação. Onde o amor seja recíproco e o riso necessário.
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Um dia ele a levou para ver as nuvens e elas eram macias e tinham gosto de felicidade. No caminho encontraram a Lua que sorria pra eles. Mas a Lua parecia Sol e, por um instante, tiveram certeza que era Sol e acreditaram tanto nisso que quando olharam não era mais Lua, era Sol.

A partir daquele dia eles deram as mãos e fizeram o pacto de andarem juntos na solidão de cada um.

Voltaram pra casa.
As mãos ainda não se soltaram.
Ouvi dizer que ela sempre pede em orações para que ele nunca a solte.

Porque se ele a soltar, ela não saberá mais o caminho para as nuvens.
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Porque ela não brilha se ele não brilhar.

decorar: guardar no coração.